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sábado, 23 de julho de 2011

Blue Man

Blue Man

Quem me contou e não estava feliz foi um amigo que numa viagem para o centro do país, lá escutou outro alguém contando que sujeito feliz de família e trabalhador, nascido lá pelas bandas do Para, na cidade de Vitória do Xingu, onde tem o encontro do Estado Tapajós, Pará e Carajás, estes estados que antes eram o Estado do Pará, este homem, agora morava na cidade de Pontal do Araguaia, no estado de Goiás, mas trabalhava no Mato Grossa, pois atravessa duas pontes e já lá estava, mas o que lhe ocorreu foi no final das férias tão esperada, com mulher e dois filhos, estava a quase dois anos sem parar de trabalhar, o que se fez alegria quando no holerite dizia que as férias estavam aceitas, mas ele não sabia que nestes dias algo muito ilógico e que o destino tudo para ele guardava, curtia a liberdade de acordar tarde e fazer as compras para a casa, saia de bicicleta pedalando quase todo dia, carregava os filhos pequenos de lá para cá sorrindo para quem passava, e a mulher via no semblante uma certa euforia de quem a vida vivia , assim as férias tão de precisão, foi divertida e prazerosa, no ultimo dia, gozou e jogou bola, e os meninos antes de ir comprar pão e leite para o outro dia, o qual voltaria a trabalhar, deu uma bala para cada um, sempre no bolso trazia bala de café que o seduzia e acostumou dar a alguns passante balas que se tornou um agrado, passou pelas pontes e caminhando e sonhando a noite aqui sempre quente, e deparou com uma mulher nova e muito bela, que o olhou e ele como sempre uma bala ofereceu, sorridente e feliz a bela agradeceu e o caminho cada um para um lado seguiu, mas ai o destino vil já havia conectado o desastre com os fatos.
Essa mulher que era muito dada e tinha uma legião de fãs, mas que não eram de boa índole, nem fama de bons moços, e um desse a viu sorridente com a o homem, e logo foi indaganda o que ali ocorreu, a mulher somente disse que ganhou uma bala e nada mais, o moço insistiu se tinha algo a mais, sorrindo maliciosamente a mulher foi tomando distancia e deixando algo no ar, só não sabia que isso causaria, um efeito domino que todos afetariam.
Como toda tribo tem uma hierarquia e alguns só levam e trazem e nada sabe o que falam, e foi isso que ele fez, aumentou dizendo que a mulher que todos tinham e usavam como objeto, relatou que aquele homem, disse muito e fez gracejos, o que não era a verdade, mas o que importa para uma turba e a própria realidade, não gostavam de atrevimento com mulher que degustavam e para isso dispunham de muita força e pouca cabeça, batiam e humilhavam homens, meninos, mulheres e crianças, mas sempre com toda covardia e de preferência sem se mostrar usando fantasias e mascaras.

Juntaram tudo que tinha, uma lata de 20 litros de tinta azul, que roubaram de uma escola, tintas para pintar metal, óleo puro e grudento, saíram agourentos e cheio de vontade de maldade, ficaram na espreita entre uma ponte e outra, na escuridão de um canto, colocaram suas mascaras, até meia de seda, para cobrir a identidade e usando saquinhos plásticos que não deixavam as mãos e braços, serem pintados.

Já se via um bom homem caminhando e sonhando com a felicidade de ter uma bela mulher, filhos que tanto amava, sabia que o seu trabalho tinha lá seu perigo, mas nada que o incomodava, ser Policia num estado onde muitos ainda se acham donos de tudo e de todos, mas estava satisfeito e tinha tudo sobre controle, ai um furação, a turba o atacou entre as pontes , seguram, eram muitos e assim caído no chão derramaram a tinta em todo o ser, da cabeça e pela roupa, por dentro da calça e enchendo até os sapatos, viscosa e com os sentidos perdidos, tenta e luta sem sucesso, mas todos os tênis desses medrosos a tinta respingou e os marcou, sem mais forço se deixou no chão quase grudar e a turba rindo alto e dizendo que a mulher deles ninguém poderia mexer, pois ela dava e se entregava só a eles, ninguém que passava de carro algo diferente observou, por medo ou cegueira, nada na policia chegou, largado e humilhado o homem, só pensava na vida que nunca a ninguém havia ferido, e o porque daquilo com ele haveria de ocorrer, onde o destino o levara, juntou forças e vontade, queria a turba estraçalha, andou cambaleante a te a casa de um cunhado, e todos ali ficaram muito assustado, disse precisar da moto para um hospital lhe socorre, mas tinha destino certo ainda em casa nem falou e todos gritaram com aquele horror, pegou a arma e de moto de deslocou, tomou o caminho mais reto e para o lado do rio se foi, e ali estava selado uma vida de um ser educado, mas que por violência foi  a honra violada, entrou por duas ou mais ruas e deu numa praça onde avistou, moça de traços belos e era a causa de tudo aquilo, envolta alguns que reconheceu e outros nem lembrava, rápido parou em frente de um salto arma em punho declarou:
- Todos quietos e sem correr, um quis, mas levou um tiro certo, na cabeça e decolou da vida, e o sangue correu a via, nas casas vizinhas gritaria e comoção, olhou o tênis do morto e as calças também em azul, ali viu que esse monstro também participou do incidente, agora olhando para moça, mandou essa ir embora e mais um que chora e não tinha nenhum sinal de tinta, os dois tomaram uma distância e os outros já sentiam o sangue, correr mais forte e ferver, assim o dito chefe, foi o primeiro e sem pensar e o ar a lhe faltar, voltou a vomitar, mas um tentou fugir e caiu num só pé, não aguentando mais de joelho e chorando e lagrimas derramando deu o ultimo tiro e acabou com aquilo, foi parando de respirar e lembrando das férias alegres que havia passado ao lado de filhos e esposa e ali naquela noite quente, caiu grudado a chão, o massacre do homem azul, essa é uma historia triste que um amigo me contou e lá pelas bandas do encontro de Rios e cidades famosas, tudo isso se espalhou e todos não esqueceram, que uma ira pode acabar com vidas e muitos sonhos.


São Paulo 06 de Junho de 2011
A 19 de Julho de 2011



terça-feira, 7 de junho de 2011

Moço-Anjo e Lilith

Moço-Anjo e Lilith
Essa historia, eu ouvi de um misto de moço-anjo que conheço e é grande amigo, aquele que na casa me da abrigo, já era muito amigo antes mesmo de conhecê-lo, ele tem coração macio, letrado e educado, por esta razão e outra quando me contou minha atenção levou.

Hoje mora lá pras bandas da grande cidade, mas esteve em paragens diversas em Minas, na região de Poços de Caldas, num lugarzinho de nome Pocinhos do Rio Verde, e lá viveu por um tempo, sabia que neste lugar, moças bonitas e solteiras são muitas a olhar. 
Mas aos poucos bebericando no único empório que havia, escutou sobre uma moça que morava na conhecida Mata da Ferrugem, nome que sempre imaginou e descobriu depois a razão, dois pinheiros antigos, pinheiros do brejo que no outono se enferrujam, para aguardar o inverno chegar.
Para lá ir tem um caminho muito belo, arvores e passarinhos a cantar.

 Por lá o amigo, moço-anjo acostumou a passear e ali a imaginação fluía e a prosa ele escrevia e todos o avisavam, sobre a moça-mulher e bruxa e nos dias de outono as folhas caídas no chão, o encanto do meu grande amigo dominou, um dos mais velhos homens, num dia especifico falou:
- Hoje moço é solstício, faz um favor se tranca em casa e na Ferrugem não vai não!
Intrigado e curioso perguntou?

- O que tem nesta noite além de ser longa e friorenta?
O homem relatou que a moça-mulher é bruxa, na noite abre um livro e dança!
Agora meu amigo, o sentido aguçou!
O que acontece então?
Ela, dizem os antigos, que é Lilith um horror!
O livro aberto é para que se o verdadeiro homem e macho for atraído nesta noite e o coração for escolhido, Ela fica feliz e descansa da procura, diz que faz mil anos, outros que eterna a anciã e a procura.
Meu amigo que crença tem, mas agora conhecimento, neste dia não saiu, esperava em casa o fim da luz e vigiou o crepúsculo noite iniciou.
Caminhou lentamente, pensando, se era louco ou demente, se real ou ilusão de um povinho inculto e bom.
Quanto mais perto da Ferrugem, um som gostoso no ouvido, coisa de quem tem apreço, para ela era conhecido, pandeiro cigano, certeza de ouvido com memória. Numa clareira rodeada de gigantes eucaliptos, ele a viu e também foi visto, nenhum dos dois fizeram nada, ele recostou e com a retina cada cena fotografou, Ela tinha cabelos curtos dourados e brilhantes, que a luz do fogo focava, Ela bela e sensual dançando e sussurrando algo estranho, mas que era um mantra esplendido, estava naquele frio nua e o moço-anjo as curvas reconheceu, não havia um pelo a vista era escultura de primeira, lembrou as formas de Victor Brecheret, e a noite só começava e ela agora mais solta sensual suava e o pandeiro não largava, ele notou que realmente existia um livro em cima de uma pedra, que na lembrança ali não havia, curioso mais Ela a atenção merecia. O frio nele já não habitava e certa hora Ela parou ele gelou, pois na direção caminhava.
Ela disse:

-Não tenha medo!
Você pode ser escolhido
Neste exato instante a lua cheia os iluminava, automaticamente o relógio ele olha!
Ela diz é a hora, meia-noite, lua cheia e solstício!
Linda moça-mulher a ponta e pede a mão, à esquerda e o leva até o livro, uma pagina escrito algo, parecia egípcio e outra em branco vazia e limpa.

A linda bruxa olha e diz:

- Com a mão direita abra e a palma repouse no livro!
E a esquerda escolha um dos dois corações que tenho!

Primeiro meu amigo, repousou a direita no livro sentiu o calor e a mão na pagina colou, tentou em cão tirar, com a voz macia de quem domina, agora é tarde e tua vida vai mudar.
Assustado e preso ao livro, pesou que era sonho, quis acordar, fechou os olhos numa prece, logo por um riso gostoso foi interrompido, não adianta rezar.
Olhava e sentia um misto de medo com arrepio e desejo da mulher amar.
Ela calma e nos lábios finos, um dos dois caminhos você agora vai traçar, se um coração dos meus, for teu por destino, você vai me saciar e por um ano ou talvez mais feliz vai me deixar e contigo estarei presente, ajudando e protegendo e muito em tié para você coisas lindas realizando.
Mas se escolher errado pelo resto da sua vida, por mim será apaixonado, mas nunca mais me verá, e tudo, os sentidos, até a palavra, serão revirados, e a mistura em pouco tempo a loucura em ti vai morar.
Agora faça a escolha que Lilith quer te amar!
Olhou para o brilho impar, dos olhos daquele se e sentiu a mão quente da moça, as curvas da mulher linda, com a libido e sorriu, sabia que tinha 50% de chance, não pensou mais e abaixo do ceio esquerdo, sentiu o coração latente, sua mão direita foi solta e nos lábios Dela um sorriso autentico e safo, e ela nos lábios do moço-anjo, um beijo louco de sabor de mel e néctar e ali ajoelhou e rápida desnudou e no chão agora quente e a lua cheia presente, só se ouvia gemido alto de uma vadia presente, era 
Ela que tudo nele fazia, do jeito de divindade da noite, Ela de um jeito ardente agradecia cada orgasmo e o moço-anjo, se perguntava, como ele não cansava e durante a noite mais longa de Lilith foi o maior amante, um instante antes da primeira luz, da aurora inclemente, o ser sagrado deu de presente um anel, tirado do próprio dedo, ali declarou amor e proteção mesmo não presente e ao encontrar o outro dono do coração direito, tudo murada muito rápido nosso mundo e ao redor da gente.
E num piscar de olhos, moço-anjo sozinho e nu, mas com o seu maravilhoso presente.
Desse dia para frente, contou meu mais fascinante amigo, que seu destino sempre trouxe felicidade e harmonia e sabe que chegara o dia que Lilith vira contente trazendo o outro parceiro que anos ficou ausente.
Depois de contar o que me parecia um causo, me mostrou o anel que reluzia e do dedo nunca foi separado e ali esta, não era fantasia.
Heleno Vieira de Oliveira

São Paulo 05 de Junho de 2011

–  Escrito de uma só vez nesta tarde, para meu amigo e Ela, dia que me emocionei muito!









segunda-feira, 14 de março de 2011

O Menino

O Menino

Sei que isso aconteceu, pois foi um amigo muito querido que contou e nele eu acredito sim. Ele tem um colega de trabalho que ao sair de férias viajou para levar um presente de seu pai a uma parente distante, uma prima de longa data que não via há tempos. Foi lá prós lado de Montes Claros, Bocaiúva, Turmalina, Francisco Sá, Salinas... tudo isso para que saiba que ele foi para Grão Mogol, terras quase perdidas, distantes de tudo e todos. A viagem demorada e com grande quantidade de parada, mas tudo correu bem. Chegou, foi festejado por meia dúzia de olhos, de gente sem nome ou parentesco. Desceu uma pequena rua e mais olhos os vigiavam. Pouco estranhos aqui chegava. Bateu palma e uma mulher que perguntou “que vem lá”, disse ser tal menino, filho do seu primo. Um sorriso largo e branco abriu os braços e veio negra, linda e bem feita. Soraia era seu nome.
Aos pouco esse moço foi vendo que estava num lugar pequeno e que a maioria se conhecia. Todos já sabiam que ele era visita e, bem querida. Todos o cumprimentavam e o saudavam. Gostava de sair e andar, o sol quente a queimar. Perto havia uma venda, senhor negro de doer. Vendia um pouco de cada coisa, mas lá tinha cachaça e cerveja, a gelada muito bem apreciada antes do almoço ou à tarde de preguiça ficava. Foi fazendo amizade e a todos era educado.
Foi ficando. Tinha férias e bebia um rio de cachaça de alambique feita no fundo do quintal do João do beiço. Já era quase amigo, mas mantinha o respeito, enturmou com os do truco e ali lambeu o zape e na testa espalmou. Grita e divertia, era troça quando perdia e de dia em dia, duas semanas, já era conhecido como o primo mais moço. Era de tarde, para frente à cachaça que no copo gemia e depois juntava a turma do truco, e a noite se fazia. Um dia, João do beiço fechou e ele ainda ali jazia com os passos em desacertos, sofria, e a escuridão da rua era uma cortina negra e fria, só um cão aqui ou lá, pequenos latidos ele ouvia.
No décimo terceiro dia, não houve sol. Somente um céu amargo, sem cor, parecia sem vida. Bebeu cachaça, mas animação não sentia ninguém veio ao carteado.
Em tom serio João olhou e disse:
- Essa noite vá embora cedo, pois tem coisa solta e não é boa, de um ouvido para o outro, uma saideira engoliu!
 Sai sem falar nem agradecer. Estava tonto e não tinha nesta noite prazer. Sentia o corpo pesado e a cada passo mais cansado. Havia algo diferente, pois a distância era mais longa e a casa da prima não chegava, andando meio perdido e numa árvore grande que não conhecia sentou e ali o sono veio feito grande peso.
Não sonhou nada, mas o sol estava queimando o rosto e viu que estava num vilarejo de poucas casas. Acho que havia caminhado para fora da cidade. Olhou e viu algumas imagens, ainda um pouco atordoado, levando ainda pesado, mas, sentiu a brisa quente e a fome levemente. Uma mulher nova e bonita num varal a roupa pendurava, não parou de fazer o que estava, mas, pro moço olhava. Notou um ser, era homem montado num cavalo negro que chegava de algum canto. Na frente para onde caminhava, uma venda, daquelas que tudo tem. Quem sabe cachaça e cerveja gelada para matar a ressaca?  E o estômago reclamou de comida bem feita e cheirosa.


Caminhou, e foi olhado pelos dois que aqui fora estavam. Devagar, pois ainda mole continuava e chegando à porta foi entrando, e ao se acostumar com a pouca luz, viu O Menino sair correndo e para o terreiro perto da arvore sentou, na mão tinha alguns brinquedos. Mas o moço continuou e lá dentro outros três um do lado de dentro de um balcão. Um homem que o bigode chamava toda atenção, uma senhora de certa idade e um senhor azul de tão negro. Deu bom dia a todos e todos olhando estranhando, responderam respeitosamente. Aproximou-se e pediu o que numa geladeira com vidro a cerveja gelada que queria. Foi dito que ele podia se servir, o que fez depois se voltou ao senhor negro e disse:
- A que distância estou de Grão Mogol?
- (Com olhar perdido) Não conheço não!

Saiu , e com a bebida deu uma volta no meio do terreiro e notou que só havia uma árvore e nenhuma estrada. Não havia morro, não havia nada a sua frente. Ficou intrigado e deu a volta nas três construções que havia e notou espantado que atrás nada havia também. Coisa esquisita, e... para onde ir? Que caminho seguir? Voltou, e a Bela e o homem do cavalo lá dentro se encontravam. Olhando para ele parara de conversar e depois, a Bela veio e perguntou de onde ele era e vinha?
Respondeu sem muita certeza. Os espectadores não faziam idéia do que falava o Moço. Como notou o jeito, perguntou onde estava e a resposta veio num único som:
- Aqui!
- Sem nome ou qualificação? Onde fica aqui?
- Sempre foi aqui!
 O moço achou que sonhava, para garantir, perguntou?
- Tem algo para comer?
- (A Senhora de idade avançada) Daqui a pouco vamos comer e você é convidado!
O Menino entrou e pediu água e todos deram atenção para ele, mas a água veio da mão da Bela, o que era estranhíssimo. Ele usava uma roupa branca e que no terreiro nem poeira nela tinha. Que coisa!!! Mas, antes de sair O Menino veio ao Moço e perguntou?
- O Moço vai ficar muito?
- Não. Vou embora logo. Por quê?
- Pensei que faria uma pipa!
Saiu sem mais nada dizer, o que fez o Moço ficar pensando. A Bela veio conversar dizendo que O Menino dele gostava, pois pediu algo com que sonhava. Pena, mais vou embora logo. O Negro de longe disse:
- Quem sabe!
Sentou sozinho e pensava no que estava acontecendo e onde estava agora. Que povo estranho que o agregaram sem muito pergunta. Para onde ir de depois de comer?
Um vento forte trouxe O Menino para dentro e assim que entrou a Senhora disse:
- Vamos comer! O que O Menino sorriu e a uma mesa sentou. Logo foi servido e o que pedia lhe era trazido. Um doce de sobremesa, um suco gelado de aparência natural, depois, foi ao chão num canto e voltou a brincar. Chamaram o Moço e todos sentados na mesma mesa. A Senhora servia um a um pratos diferentes que trazia da cozinha. Para mim um filé suculento, arroz branquinho e salada de alface e tomate, aroma delicioso. Sem pedir me trouxe um, dois, três quindins. Parecia acabado de ser feitos, macio, e saborosa uma coca-cola geladíssima e tudo muito bem limpo. Um café forte e tudo era muito fácil. Algo de errado acontecia, mas a fome, e devia ser um sonho... depois de um tempo o Moço foi para fora saber para que lado ir, não estava acreditando o que lhe ocorria e pensava se merecia.
As horas foram correndo e o sol de trás da casa para frente, até ficar a pino. Meio dia devia ser, (pensou), almoçamos cedo. Voltou para dentro o Bigode, veio a Lea e trouxe uma cachaça antes de pedir. Não estranhou mais nada e deixou tudo andar da forma que tinha que ser achava!
Assim jantaram e outra vez comeu o que pensava o que queria e sonhava, mas algo muito estranho aconteceu. À noite nua e negra lá fora coalhava ,e o Menino brincava até que,numa caminha pequena ele deitou e todos olhavam como que esperavam algo e o Homem do cavalo partiu, a Bela também o seguiu ,e o três e o Menino comigo ali estavam, aos poucos as luzes foram diminuindo , a Senhora me trouxe uma coberta, cobriu o menino e na escuridão sumiu. Demorou alguns minutos e tudo estava muito escuro e a confusão nele habitava.
Acordou e já viu que O menino lá fora estava. O Bigode lhe trouxe um café e pão de queijo quentinho, mais um. Nos olhos tudo era muito lindo. Bela entrou e bom dia deu.
- O que esta havendo???(gritou)
 Todos olhavam, mas nada diziam, e continuavam sem ao menos sentir a angústia que nele pressionava. Veio o Menino e perguntou:
- Moço!Vai fazer a pipa?
- Não! (com o rosto contorcido)
O Menino sorrindo foi beijar a Bela e água pediu e uma cachaça o bigode lhe deu. Abriu a geladeira e também cerveja. Ali ficou imóvel sem saber o que queria e o que fazer e os dias foram consumidos e as horas não lhe fazia qualquer coisa, pois estava num estado de entorpecido. Um dia ensinou o menino como colocar uma fieira num peão e o menino jogou, e o peão continuou a girar na terra por um tempo impossível. O Moço olhou para o lado e ninguém estranhou só ele, o Menino sorrindo e pulando, dizia:
- Gira, gira! E de lado a lado corria!
 
O peão não se cansou e continuou o Menino, sentou do lado e ficou de olho grudado. O Moço pasmo e boquiaberto nada sentiu se não um grande vazio, pois não podia explicar o que estava ali.
O Menino se cansou e não olhou mais para o peão e assim parou de girar e tombou.
- O Moço vai fazer a pipa?
- Não! (Respondeu). Entrou e novamente sozinho ficou!
Na manhã seguinte a décimo terceiro, o Negro na mesa lhe mostrou uma faca e um pedaço de bambu, cola e papel de seda. Como isso é possível?(pensou, mas nada disse) Tomou um café, sentou na porta e começou a fazer a pipa, que em outros lugares era conhecido também por: Quadrado, Pandorga, Maranhão, Barrilhete, Raia, Papagaio... mas, para o Menino pipa. Fez como sabia, desde seus onze anos seu tio José Carlos Serafim o ensinara e o Pai aperfeiçoara na arte de fazer e empinar. Foi com um esmero único e sadio. Foi com vontade e toda liberdade. Foi prazeroso, e muita paz lhe trouxe. Por isso caprichou muito com as varetas afinadas na perna com a faca e usou a linha e a armação bem equilibrada, depois passou cola no lado certo do bambu e na folha de seda vermelha depositou. Cortou na forma exata e colou, o estirante posicionou e assim que acabou a rabiola foi feita rápida e tudo belo ficou. Orgulhoso do feito olhou e viu que todos junto ao menino esperavam, e com isso, com aquele vento foi fácil fazer a pipa subir. Ensinou o menino a manobrar, ou seja, debicar em movimentos rápidos e precisos com a mão, a linha faz a pipa ir para o lado que se quer. Assim, o menino ficou encantado, empinou o dia inteiro, não parou para comer. À noite recolheu a pipa do ar e ao entrar agradeceu e disse:

- Moço adeus!
 Nada mais foi dito...
Ao acordar, no outro amanhecer, o Moço estava embaixo de uma árvore a duas casas da Soraia, mas sentia-se diferente e estranhamente contente. Entrou e foi saudado pela prima como se nada tivesse ocorrido e nenhuma pergunta foi feita. Arrumou a mala e, quis partir. Despediu-se e foi ao bar do João do Beiço, tomou uma cachaça e ouviu do João algo que nunca esqueceu:
- Como é que vai O menino? Quando precisamos acordar para a vida ele pode aparecer!
E assim esse moço partiu com um certo ar de não saber o que aconteceu, mas tudo havia mudado. Nada tem realmente um valor, tudo pode ser uma ilusão, ou não!
Eu acredito que tudo aconteceu realmente, pois foi um amigo que me contou e a cara dele dizia que era verdade . . .


Heleno Vieira de Oliveira
São Paulo de 23 de Fevereiro
 06 de Março de 2011



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