HOMENAGEM A MINHA AVÓ E BISAVÓ

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sábado, 10 de julho de 2010

Tatoo


Tatoo

Juntou dinheiro, para muitos era uma vadia, nunca foi, nem se entregou, amava em silencio, sexo imaginava sozinha, tinha tara de moça-menina, sonhava desenhar o corpo com corações desde menininha.
Queria uma tatuagem ou varias de coraçõezinhos vermelhos, não contava para ninguém, esperava cada dia, na casa no quarto havia desenhos, imprimidos, da Internet escolhidos, todos vermelhos, carmim atrevidos. Olhava e fitava já eram muitos e dito isso imagine muitos e muitos, se imaginou, foi pouco.
Traços finos, gestos poucos, porque então achavam que vadiava.
Simplesmente por andar no meio de rockeiros, mas amava pele branca de meninas e meninos, com tatuagem aparente, delirava com vermelho. Usava sainha curta, meia de futebol , baton preto, ninguém tirava, não namorava ainda, não tinha essa paixão.
Mas quando ouvia tatoo, ficava alerta escutava, e sabia que faltavam poucos meses para as tatuagens fazer.
E assim os dias corriam, dispersos e corações e fantasias.

Juntou trocados e moedas , seu dia estava chegando, que alegria.
Agora era hora de escolher, que coração, sua pele receberia. Pequeno e delicado, grande e vibrantes, uma, três ou quatro, pois o tamanho depende o preço.
Escolheu um médio e namorou o desenho, sonhou com a dor. Agora falta o lugar do corpo para macular. Decidiu de pressa, na cintura, nem abaixo, nem acima, meio escondido, meio amostra.

Sabia onde fazer, nas Grandes Galerias, no centro, lugar de roqueiros e parentes. Lá um tatuador, amigo a levou, o desenho consigo, mostrou e o preço já sabia, vamos embora e rápido a sua pele é fina, deitou e a maquina começou.
De inicio uma dor media, depois em certos lugares, quase grita, aquentou firme, menina-moça de fibra.
48 minutos tudo que havia a ser feito, foi, havia uma pomada, tinha visão embaçada, mas o desejo e fantasia agora era real.
Mas coisa muito estranha aconteceu, na manhã, sete dias depois, menina-moça foi tomar banho, um corpo gostoso, mas puro de nascença, assustada notou que a sua tatuagem faltava, olho e não acreditava, estava sonhando, se beliscou, não!, como podia acontecer aquilo, quase louca ficou, depois de dias sem sair, só fitava a pele lisa e nenhuma marca maculava a pele branca e pura.
Resolveu depois de dias ir ver se o dinheiro que juntou ainda existia, na caixa de bombom, surpresa, contou e recontou, tudo lá estava e até a condução, moedas soltas lá ainda haviam.
Ficou louca de doer, ardia todo corpo, o que seria. Vestiu-se e se foi com dinheiro e coragem, queria agora um coração alado asas brancas de anjo. Disse tudo que pensava e o tatuador olhava;

Mas uma louca drogada!

Mas por fim, começou e 48 minutos, havia feito uma obra linda que na pele fina e branquinha, destacava o vermelho, feliz e satisfeita saiu e uma a mesma pomada passou. Curtia a tatoo, velava e os olhos na cama não tirava, mas novamente de manhã, mesmo antes de entrar no banho, ficou louca de pedra, a nova tatuagem sumiu, algo estava fora do controle, que diabo de sina ou seria coisa que alucina.
Não dormiu varias noites, pois olhava a pele vazia e a caixa de bombom, como se fosse o bicho papão. Mas depois de 7 dias, abriu a caixa no chão, um grito de pavor e medo, pois lá o dinheiro inteiro sobrevivia.
Deixou de comer dois dias, como pode o que estava por vir.
E aquela dor que sentiu, aquém procurar aonde ir.
Ouvia Deep Purple bem alto, mas acabava se  acalmando com Pink Floyd, viajava com o som progressivo , sua alma navegava nos  corações vermelhos a sua mente povoava. Imagina será que sou uma espécie de santa isso não.

Quero beijar as meninas vagabas e os roqueiros lindos e bêbados, dentro do cemitério, não quero ser santa nem anjo, quero mais tocar banjo.
Viajar sem dinheiro, quem sabe dar para um boiadeiro, em cima de um cavalo, tomar banho de cachoeira em pelo.
Acordou decidida faria outra tatoo, agora bem atrevida, abaixo do umbigo, até pertinho da futura perseguida.
Um coração na mão de uma fadinha, nua e com a língua comprida, procurou pela cidade mulher tatuadora.
Encontrou, bela e teve o preço reduzido e uma cantada furtiva, sorriu até a primeira rasgada, sorveu a dor e as piscadas da linda e safada, mas dessa vez a dor não passava, pagou e ainda pela atrevida, na boca deixou-se ser beijada.
No caminho a dor não parava, banho tomado, pomada passada e aquela dor latente, mas com bom rock o sono ficou presente e a linda flutuou em nuvens aparentes.
Acordou, sentindo algo estranho, passou a mão na virilha e melada de sangue e assustada, um grito e a mãe e pai chamou, ao levantar, sentiu entre as pernas, sangue e a tatuagem, onde estava?, grita, estava machucada?, mãe chegou primeiro e já lha abraçava, dizendo:

- Fique calma, pois agora você é mulher, nada de mau se passava, pai chegou e ela ainda soluçava, e sentiu que as tatuagens foram sonhadas e na caixa, sim dinheiro para o soutiem que esperava, numa noite foi dormir uma menina-moça e que era bela e sempre com o bem sonhava, acordou moça-mulher muita amada.

Heleno Vieira de Oliveira
São Paulo de 17/02/2009 a 04/09/2009

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Um Conto Numa Cidade Pequena


Um Conto Numa Cidade Pequena

      Não me lembro direto quem me contou, mas sei que é verdade e aconteceu lá pras bandas de Minas. Cidadezinha pequena, muito linda, cercada por montanhas e lindas cachoeiras.
      No inverno faz um frio... E nessa cidade tem um leão grande, onde todos que não o conhecem, param e olham. Os moradores já acostumados não dão bola. Nem oi ou olá falam. Mas não é sobre esse bicho que conto.
      Nesse lugar acreditam muitos, que duendes e fadas cuidam da natureza e também das crianças, pois elas sabem que no futuro ainda terão essa linda cidade para viver. Por isso, quem me contou, acha que uma professora lá é Branca de Neve. Ninguém viu os documentos, ela usa outro nome e ama as crianças. Uma menininha linda sabe disso, mas ninguém acredita nela, todos riem... Mas ela continua a chamar de “Branca de Neve” a professora bela que com sorrisos não desmente, nem diz que é verdade.


 Num outro dia, outro aluno que fica olhando muito, percebeu suas unhas pintadas de amarelas e, neste mesmo dia a professora ganhou pamonha, uma delícia. Ela adivinha e sempre está linda. Acho que o nome dele é Bruno. Deve ter uns 10 anos e sempre percebe as roupas e os cabelos presos ou soltos, mas sempre bonita está.
      Contaram-me também sobre um aluno que sempre está loooonge... Acho que ele vê e escuta coisas. Acho que ele escreve histórias de tudo um pouco, dentro de sua cabecinha. Quem sabe ele precise de uma canetinha e assim escrever e criar um monte de coisinhas? Ele fica sentado do lado da professora. Wellington é afamado e agora tem sorriso formado. E Maynara, sorriso largo.
      Tudo reunido, todos bem atentos.
      Agora sim, vêm os bichinhos. Pintinhos caipiras que nasceram dias atrás, na casa da professora.

      Uma semana ou dias, Leandro, olhos azuis, trouxe ovos caipiras e esses, que demoraram, um dia chegaram.
      Professora levou os ovos pra casa, e deixou numa cesta perto de uma janela. Foi fazer as coisas e cuidar da casa. Já ia escurecendo e a professora viu que três ovos tinham quebrado. Ficou imaginando o que havia ocorrido, pois as cascas estavam limpas. Olhou para o chão e viu três pintinhos caipiras, piando, com fome e parados. Sem saber o que fazer, um pouco de arroz lhes deu. Comeram esfomeados e seguiram a professora para todos os lados.
      São três os pintinhos, muito desajeitados. Piam a noite inteira numa caixa de sapato. Comem milho e farelo. Brigam entre si os galináceos.
      Professora se diverte com tanta molecagem. Dia desses, eles fugiram de casa e a professora foi procurar. Estavam, adivinhem!!!!  Na cabeça do leão irado. Professora pediu desculpas e de castigo deixou os pintinhos, sem TV nem música de rádio. Tristes e isolados eles ficaram calados. “Leandro é o culpado!” Disso já sabia Bruno, tinha profetizado.
      Eles estão crescendo e dizem que na bolsa a professora carrega os pintados. Já pensou em por nome neles. Quem sabe Wellington já tenha pensado.
      Poderiam fazer uma eleição e assim ter nome os pintinhos caipiras amados, que em silêncio, dentro da bolsa Alvim, Teodoro e Simon assistem às aulas meio assustados.
      Mas respeitam a professora, como toda a criançada...
      Isso realmente aconteceu na cidade onde tem um grande leão, no meio das montanhas de Minas e cachoeiras encantadas.

                                                                                  Heleno Vieira de Oliveira
                                                                                                 11-03-2009


segunda-feira, 17 de maio de 2010

Ladrão de Guarda-chuva


Ladrão de Guarda-chuva

Juvenal Romero num lugar que talvez não exista, mas que chove isso todos sabem!
Chove muito, não simplesmente chove, não sabem quando caiu à primeira gota, alguns sonharam durante anos, com a ultima, só sonho besteira de garoto, pois esse rio que caiu do céu é cachoeira certa, ninguém se afoga, nem atola, eram poucos que lá moravam, onde mesmo?

Poucos sabem chegar lá!
Poucos de lá trazem noticias, e os que o fazem chegam molhados.
Já são molhados de alma, essa chuva cai há anos, e os poucos que moram lá têm cada um seu guarda-chuva.

Juvenal velho sozinho e que tem seu guarda-chuva, o mesmo há 36 anos, preto impecável, cabo de madeira, liso de manuseio, um dia um estalo, um sorriso maroto, Juvenal viu um guarda-chuva estacionado e calado, do lado de fora do comercio armarinho. Venda que tudo tinha e tinha de tudo um pouco, toucinho de porco, peão de madeira, bolinha de gude e tachinha, farinha de milho, mandioca e de rosca, de trigo também tinha.

Ali solitário e mudo um guarda-chuva com dono, pois todo habitante tem.
Mas um pensamento rolava e Juvenal, velho e serio inconteste, surrupiou, o certo é que roubou!
Rápido e com o pensar, enfiou na perna da calça, larga e bem passada, o cinto é só enfeite e frouxo, facilitou, sem falar, pois é calado, saiu como entrou, lá fora passou, por uma Dona e sua menina, que foi a única que o fitou.
Esse era um homem esperto, sentiu que a criança se virou e olhou.
Caminhou sorrindo só, pois pensava, de quem era a peça que ladrou. A cara do sujeito, a estranheza de sair e enfrentar cachoeira sem resguardo, antes teria  de procurar, para um lado e para o outro, nada encontrando, cara de bobo e pasmo, sairia correndo ou não em direção ao mundo molhado lá de fora.


Isso deixa esse velho sorridente e vivo.
Mas a noite um café, veio à culpa a toa, mas passou, levou um segundo, mais idéias e sorriso, mas o rosto da menina era uma luz no fim do túnel, a beleza e encanto, toava a perfeição, assim dormiu e sonhou.
Passou dias sem sair, numa tarde de chuvinha fina e traiçoeira, resolveu andar na vila, como gato na escuridão sorrateiro e silencioso, notou que alguns vizinhos deixavam suas peças na varanda penduradas, foi ai que o ladrão, surgiu no coração, entrou num quintal, recolheu dois guarda-chuvas que de quatro eram mais belos, novamente uma sensação interior de loucura e alegria, ao pensar, de quem subtraia.
E assim o tempo passa, todos sabem bem molhados, pois agora Juvenal, tinha em casa a maioria de guarda-chuvas bem guardados e as pessoas, ficou sabendo que as roupas secavam, na sala, ou na cozinha, mas poucos se desesperavam, agora vez ou outra ele ouvia comentários, cogitações, quem era o ladrão.

Até o dono da venda, perguntou a ele, quem achava, quem era o surrupiador, Juvenal olhou nem respondeu, continuou seguindo nas compras em solidão.
Ai entra no comercio, a menina, que é a única que o fita direto no coração.
A mãe a puxa, mas os olhos seguem na direção, ela não sabe a razão, Juvenal ainda rouba, novos e usados e os anos vão passando e a menina, moça vira.
Ela parece um pouco triste, qual será a razão. Ele dorme sonha com ela, pergunta sem resposta, porque não há sorriso. Neste rosto de sublime perfeição.
Juvenal imaginava todas as coisas de menina, mas não via uma grande razão, para falta de sorriso na menina, que o fitava e o desarmava por inteiro.
Desligou o pensamento e continuou a furtar os guarda-chuvas de todos, até que um dia viajou e voltou muito feliz, pois longe daqui, que já é longe de tudo, comprou um guarda-chuva, não que precisasse, mas lembrou da menina.
Alegre e satisfeito imaginava, como um sorriso tirar, deixar na varanda da casa, a mãe podia não aceitar.
Então criou coragem e a casa dela foi, bateu na porta e recebido pela menina-moça com um sorriso encantador.
Sentiu-se satisfeito de ver e saber que mais bela ficava. Ela chamou a mãe, Juvenal sem rodeios disse para a dona, que tinha um presente para a pequena e princesa, a mãe sorriu e pediu que entrasse, foi o que fez, logo entregou na mão e o nome de Patrícia soube, logo era evidente um guarda-chuva de presente, mas a cor e que assombrou, um vermelho vivo ardente, e Patrícia toda feliz muito sorridente disse:

- Nada haver igual ao belíssimo presente.
Juvenal recebeu um beijo no rosto da menina-moça, foi o maior surpresa, que nunca saiu da sua mente.
Agora quando encontrava sempre tinha alegria estampada na menina-moça e um vermelho vivo cobria e resguardava os belos cabelos dela.
Juvenal não deixou de roubar, vamos dizer furtar e a coleção crescia e o tempo passava mas com alegria, Patrícia o aclamava era um amigo e assim se vivia.
Patrícia notou um dia que seu amigo havia sumido, preocupada então, visitou a moradia, bateu na porta e ouviu,  que podia entrar sem demora.
Encontrou Juvenal com livro e muito velho estava, entre os dentes tinha um esverdeado profundo, seus olhos de moribundo e um meio sorriso curto, morrendo entregou a ela uns documentos secos e disse:

- Guarde contigo isso é de suma importância!

Patrícia se encantou mais uma vez com o velho e ou deixou sozinho, pois foi pedido dele.


Passou um mês exato e soube a mulher hoje inteira que Juvenal bateu as botas, comovida olhou direto para o vermelho vivo, do guarda-chuva belo, lembrou dos documentos e agora eles foi ler, surpreendida foi, tudo que dele era, era dela, sem conversa, assinado e lavrado.
Uma casa inteira e dinheiro e muitos livros, aquele velho bandido, tinha o coração amolecido.
Esperou dias passarem, espero defunto esfriar e com tanta chuva foi rápido.
E para a casa deixou-se levar, entrou solene e os livros, quis visitar, olhou e tinha Gabriel Garcia Márquez, Neruda, Plínio Marcos, Sabino, Pessoa, Drummond, Cora Coralina, um dragão de Bruna Lombardi e mesmo com tanta umidade, todos limpos e lindos, amou conhecer um pouco do velho Juvenal, achou que havia ganhado um festival, abriu portas e armários e tudo era normal, até uma porta no final.
Ai seu sorriso abriu, virou gargalhada de peça teatral, pois lá encontrou um segredo crucial, mais muito emocional.
Todos os guarda-chuvas roubados pelo velho Juvenal.
Assim só ela descobriu quem furtava a todos nesta cidade, onde a chuva cai cachoeira e agora era ela que sorria faceira e ria sem eira nem beira, sentou no chão e não acreditava na quantidade de guarda-chuva que ali se via. Eram todos que já tinha visto, mas nenhum vermelho se via, igual ao seu não existia, maravilhada sabia que o velho a escolhia como herdeira e protetora de um estranho desejo.
Patrícia vivia o dia mais belo e nunca iria se desfazer daquela alegria. Por isso se conta até hoje que num lugar distante, chove, chuva como cachoeira e ainda se toma cuidado com guarda-chuva, pois lá são bens e podem sumir ou serem roubados.

Por aquela linda e faceira, mulher que anda sorrindo com um guarda-chuva sangue vermelho!


Heleno Vieira de Oliveira
Pouso Alegre
07/02/2009
São Paulo
12/03/2009



terça-feira, 4 de maio de 2010

Santo que ri

Santo que ri

Um ser muito estranho numa noite quente e bebível. Muita cerveja havia, mentira de bêbedo, garrafas vazias e a conta.
Mas sujeito falador (e eu ouvido de bêbado) me contou, acredite, que do céu voltou. Mas isso não é importante, pois o que me falou é que tem relevância!
São José Atento conheceu, foi auxiliar expulso, vou relatar o porque:

- Na eternidade Santa o que fazer para o tempo passar?
Escutar!
Misérias, pedidos e reza em enterros, missas diurnas, padres bandidos, coroinhas virgens, virgens de mentirinha, mas sempre escutar, rir até chorar.
Eu não lembro o nome do bêbado, mas em mim tens que acreditar, pois para São José Atento eu nunca vou rezar, prefiro São José Operário, que nunca abandonou o trabalho.
Olha que passagem louca, ninguém queria ir. Num feriado do céu o Papa faleceu. Sobrou para Roma ir . São José Atento, pura confusão. São Pedro brigou, mas a ficha era dele e João Paulo foi velar.
Riu até cair no chão da Capela Cistina, no Vaticano.
São Jose Atento ouviu suplica de Cardeal, choro de Bispo, irmã prima do defunto. Polonês eu não entendo. Acendeu um cigarro e foi fumar. Deixa para lá, ninguém nunca soube o que se pediu ou disse, pois quem secretariava era esse bêbado que me conta agora, e como não era Santo foi olhar a multidão na praça.

Bom achou muito essa passagem. Não foi a mais preciosa. Agora , vem aquela que esse bêbado foi expulso e voltou para a terra.

Um enterro, muita suplica. Havia choro e gritaria, cachaça e comida. Era tudo que se queria, homem e político. Nesse dia, São José Atento não queria ir, mas um outro pediu tanto que lá foi ele ranzinza.
Chegando, viu muitos ternos e gravatas. Cachaça para os pobres. Vinho, whisky e empadinhas para os ricos.

Eram três em volta da viúva, eram muitos putos, pois queriam era a conto, onde o defunto escondia dinheiro roubado, dinheiro de caixa 2. São José Atento foi ficando puto.
Pois de joelhos filhos e primos, moça nova e amante, isso não é terra, é puro purgatório, que coisa usar o nome do Pai e Espírito Santo.

Todo mundo preocupado com o dinheiro bandido. Fumando e aflito, São José Atento só pensava, “algo aqui tem que ser feito, algo mais bandido ainda”.

Olhou para a viúva gostosa e safada. Mulher bem feita. Resolveu abandonar tudo, parar de escutar e viver bem do lado dessa danada, pois como Santo, tinha os números da conta numerada. Fugiu e viveu bem, até outra gostosa e muito mais safo passar. Deixou a viúva ao léu, caiu de vez na gandaia. E o bêbedo que me contou, foi expulso sim senhor, pois o Santo não salvou!

Heleno Vieira de Oliveira
17/02/2009

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Gatos Beatos

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Gatos Beatos

Alguém me contou, mas não acreditei. Até eu mesmo ir ver e rezar, junto com Luc e Enzo, dois gatos beatos.
Adotados e agora muito amados pela bela Zélia . Nome da mãe que os trouxe e tratou. Mulher bonita, digo, gostosa.
Independente, de intelecto primax, muito capaz, paga a própria cerveja. Dizem que faz vidro, acho eu e os beatos que ela é alquimista.
_ Tio ?
Me perguntaram numa noite aflitos.

_ Mamãe é o que? Mista?

Tive paciência com os pobres gatinhos, expliquei tudo direitinho.

Agora que sabem o que vi e eles existem, vou contar o porque da beatice.
Preocupação de filhos, que amam mamãe alquimista.
Zélia mulher inteira e madura, não casou ainda. Bem de finanças, adotou os meninos.Fala francês por isso Luc. Entende italiano para o irmão Enzo. Família feliz, sem morar nos jardins. Mas sempre o ser humano precisa de parceria, então, mamãe alquimista na noite é loba.
Sai bem vestida. Para os meninos ciumentos a roupa é curta, mas nada dizem, com sorriso aprovam, amam. Mamãe é gatona!

Aí a aflição. Zélia não ensinou Luc e Enzo telefone atender. Que situação! Pois eles se apegam na religião... onde estará a dona dos nossos corações?

Um terço na mão de Enzo. A Bíblia em corintos com Luc. Assim , sem magia mas muita fé, começam a rezar, para proteção da amada mamãe.
Rezam baixinho, os santos escutam.

“Queremos que guardem todos os momentos e nunca permitam que homens a magoem. Pode beijar, pode amar, mas nunca os deixem que a machuquem e nos sentimentos estaremos presente no dia seguinte”

Essa oração que escutei numa noite, me fez chorar. Como podem dois gatos beatos tanto amar uma mulher que é mamãe , e assim mesmo desejar que encontre um par ?

Mas assim que escutam( e escutam bem), mamãe chegando, escondem o terço e a Bíblia também. Sentam e fingem fumar e beber, fazem desdenho, quando a porta se abre.
Ela vem e brinca com seus meninos e, depois de deitada, eles ainda de joelhos , rezam e agradecem. Mamãe alquimista voltou em segurança pro ninho.

Heleno Vieira de Oliveira
17/02/2009
Esse conto é um presente a um grande AMOR, amor de irmandade, amor incondicional, a Cristiane Guariento!


quinta-feira, 22 de abril de 2010

Cem cachaça


Cem cachaça


Joka ou João Carlos, ninguém soube porque, naquela noite carregava na sua pick-up S10, um caixão, cor de vinho, vinha da casa da amante.
Onde a discussão correu até a madrugada, também nunca se soube o que causou a rusga, mas isso é só para ilustrar e dar conta de onde surgiu o caixão, um dos protagonistas de uma madrugada, muito estranha nesta cidade pequena e isolada.
O segundo também que se tornou protagonista é Belmiro Galvão de França, moço dos seus 32 anos, mas que aparenta muito mais, pelas eternas luas que serviram de companheiras nas noites que passou ao relento.
Bom, Belmiro era o mais conhecido personagem da cidadezinha, pois era ele o Cem Cachaça, apelido que ficou famoso em pouco tempo, depois de uma paixão que destruiu o interesse do moço pela vida.
Cresceu junto com Marilia, prima de primeiro grau, moça de cabelos negros bem tratados, prendada nas cousas de casa. Pele branca, macia de seda, virgem como pede a tradição mineira.
Nesse crescer junto, Cem Cachaça, ainda Belmiro, se apaixona pela donzela, que por educação, não o maltratava, mas nutria sim carinho pelo primo, não via como pretendente.
Marilia era desejo e infortúnio na vida e olhos do moço e todos já haviam percebido.
Mas primos juntos como marido e muié, traz coisa ruim, diziam entre si as tias e outras da família.
Os homens nem conversavam sobre, pois isso é impossível, mesmo para o querido e educado Belmiro.
Esse infortúnio virou fixação e depois obsessão, a coisa ficou muito feia e grave, pois nosso moço se declarou e por Marilia foi rejeitado!
Desse dia para frente Belmiro moço bom, barba feita, roupa limpa, amigou-se de amor e paixão pelas cachaças. Passou a não degustá-las e sim a ser dominado. Mãe rezava novena, pai primeiro a raiva e depois o deserdou. Belmiro bebia tanto e nunca da vida reclamou, só se deixou molhar pelas belas cachaças mineiras, e era promíscuo, pois amava todas, e ao mesmo tempo.
Daí os boêmios que eram poucos, um dia pagaram muitas até ele cair, no chão sem reclamar. Foi motivo de chacota e apelido de Cem Cachaça ficou!
Nunca mais falou com os pais e via Marilia linda, agora mulher passar e nunca para ele olhar.
Umas diziam, “moço fraco da cabeça”, beatas de igreja, gente fresca. Aos poucos não era nada, só um monte de carne amante da cachaça.
Cem Cachaça dormia embaixo de uma pitangueira, arvore de fruto preferido na praça 05 de Outubro, onde não havia igreja, apenas alguns bancos, dois bares e cachorros companheiros.
Nesta praça serpenteava uma das três avenidas. Essa era a São João de onde se ia e vinha do bairro do Mourão. Por ai é que numa noite surge Joka e seu carrão, que voltava alucinado. Viu Cem Cachaça no chão, teve idéia rápida sem preocupação. Pai rico, pouco estudo, um segundo e se lembrou de fazer maldade. Por no caixão Cem Cachaça, que nem se mexia. Isso foi fácil, era osso e pouca carne. Deitou o corpo e fechou a caçamba e dirigiu pensando onde deixar esse defunto vivo. Lembrou de Chico Coveiro, nego véio e brincalhão, morava no velório ao lado do cemitério.
Joka pára em frente à entrada do cemitério e já viu os dentes do Chico Coveiro, que vinha pitando cigarro de paia, sorria como sempre, mesmo antes de saber de nada.
Mas caiu na gargalhada, ao ver Cem Cachaça num caixão e Joka dizendo o que ia fazer. Chico véio e faceiro, vivido e espirituoso, nunca medroso, já foi dizendo que as flores ele tinha, nuns túmulos vizinhos. Joka burro e bronco com a cabeça aceitou e Chico Coveiro se aprontou, pedindo pro moço pra entrar pelo lado do velório com aquela encomenda viva.
Depois de nos cavaletes depositaram o caixão, Chico achou feio e fúnebre. Joka dizia é vinho, Chico com razão é roxo e feião.
Dois companheiros chegaram. Ninguém viu e notou, cachorros que viviam e lambiam há tempos Cem Cachaça no seu leito ao chão.
Deitaram num canto e assistiram a encenação. Sem medo de gente viva ou mesmo morto novinho, Chico Coveiro respeitava os seus vizinhos. Então em cada tumulo que flores retirou, conversou com afeto e explicou a situação do moço ,que precisa de flores. “Sozinho não tem irmão, vou tirar as tuas flores, pois vocês não precisam mais não”. Eram três novos moradores, ai cada um aceito calado e deixam Chico Coveiro, as flores lindas e uma cora chique levar roubadas.
Chico voltou e Joka sentando nada dizia e a brincadeira se esvaia. Levantou e foi embora. Arrumando as flores Chico viu um movimento do morto vivo que enfeitava. Pediu ao Cem Cachaça, que acabasse de se ajeitar, pois queria deixar bonito o ilustre visitante. Depois de meia hora abriu a porta que dava para o corredor dos que velavam, como num relâmpago, ai tudo se sucedeu e parecia filme de Bunuel. Surreal, ele ria num canto meio escuro e o seus dentes de negro se destacavam. Entrou pela porta uma senhora curiosa que gostava de saber quem morria ali agora. Chico explodia baixinho e olhava, a véia não entendia, mas em passos curtos continuava, pertinho disse ao defunto, que para ele ia rezar.
Ai o furdoço operou uma coisa desvairada. Pois neste instante já era tarde, uns disseram 4 horas, outros 3 e meia, Cem Cachaça levantou o tronco e a véia gritou louca e desesperada, Cem Cachaça respondeu:

Quero uma cachaça!

Chico Coveiro no canto era pura e louca gargalhada. Os cachorros correram e a véia gritava. Os cães latiam e rosnavam e tudo desmoronava. Ela saiu aos gritos, correndo branca e aflita, passou pelos amigos que o outro defunto velavam. Quatro medrosos com ela fugiram juntos sem saber o que havia ou se passava, e os cães grunindo e latindo iam atrás.
Foi uma carreira sem rumo ou beira, véia, cachorros e quatro outros desconhecidos gritando assustados, com que ouviram da véia.
Nesse espaço de tempo Cem Cachaça, meio tonto, tonto e meio, fez um movimento, virou um pouco, deu conta do Chico Coveiro, que ria e chorava. Levou susto com a figura e o cheiro de flores que no peito tinha. Assim tentou levantar, mas o pé do caixão desequilibrou, estrondo horrível. Aguçaram dois corajosos que no outro velório sobraram, entre olhos e curiosos, se aproximaram, pasmos e assombrados, vislumbraram cena incrível, caixão semi caído, nego preto gargalhando e um defunto bêbedo, que deu um passo e assim cambaleante na direção dos homens inertes e paralisados, ouviram um pedido de cachaça nos dizeres do contador Cem Cachaça:

Uma cachaça seu moço se não eu morro!

Aqueles pobres homens, vendo flores caindo, num defunto de pé, branco e cadavérico, um se urinou e abraçados gritavam, “cousas de outro mundo” e em carreira tropicante desembestaram para rua.
Chico Coveiro era nego de pura alegria, ria e chorava, sentado no chão!
Cem Cachaça não entendia e entre flores e gritaria foi para rua na noite fria e escura, uma cachaça queria!
Olhou para trás e só via uma imagem muito estranha , dentes brancos sorridentes!


Heleno Vieira de Oliveira
Inicio em Pouso Alegre-07/02/2009
Itajubá-08/02/2009




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